quinta-feira, 8 de julho de 2010

A Trilogia da vaquinha mimosa

Episódio 2 “O Seqüestro da Mimosa”

A história da vaquinha Mimosa, a super-vaca que produz 80 litros de leite por dia, deixou muita gente de queixo caído de admiração. Tanto é que o cumpadre Fernando, vizinho do cumpadre Bráulio, comentou com ele:
- Oia, cumpadre Bráulio, do jeito que a vaca Mimosa é valiosa, se eu fosse o senhor aconselhava o cumpadre Ataíde a botar a bicha no seguro.
Apalermado, como sempre, Bráulio perguntou, no seu modo arrastadão:
- Ué?! Pru mode de quê?
Suspirando fundo, por se ver diante de um “ignorante de carteirinha”, o cumpadre Fernando explicou:
- Sabe-se lá o que pode acontecer! Ela pode dar um trupicão numa pedra e até deixar de produzir aquela leitaiada toda, né? Aí, o seguro cobre os prejuízos do cumpadre Ataíde. Entendeu?
Porém, antes que o assunto chegasse ao conhecimento do cumpadre Ataíde e se fizesse o tal seguro, dois “amigos do alheio” já estavam mal intencionados e planejavam seqüestrar a vaquinha Mimosa.
Eram dois irmãos, conhecidos pelas alcunhas de Fumaça e Catinguelê.
Nesse exato momento, Catinguelê perguntava para o Fumaça:
- Será que essa vaca tem tanto valor assim, Fumaça?
Fumaça, que era o “cérebro pensante” da dupla, o intelectual, respondeu:
- Claro, Catinguelê! Vale muito mesmo! É uma vaca estrangeira, pô!
O outro continuava duvidando:
- Ora, Fumaça, como você sabe que essa vaca é mesmo estrangeira? Por acaso você já viu o “passa-trote” dela?
Fumaça quase explodiu diante da burrice do outro:
- Passa-trote?! Ah, puxa Catinguelê, você é mais burro que um jegue! Não é “passa-trote”, e sim passaporte!
O Catinguelê nem se fez de rogado, dizendo:
- Tá bom, mas você já viu se ela tem esse tal de passaporte?
Furioso, Fumaça deu um safanão no Catinguelê, dizendo:
- Vamos trabalhar que é melhor!
E assim os dois pilantras foram para um ponto ermo da estrada, por onde toda tardinha o cumpadre Ataíde passava com a sua preciosa vaquinha. E, enquanto esperavam, discutiam os últimos detalhes.
- A gente pega a vaca e leva ela lá pra casa, deixando ela trancada no quarto da vovó Clotilda, disse Fumaça.
Mesmo sem saber porquê, o Catinguelê pergunta:
- Uai! Por que no quarto da vovó Clotilda?
Cheio de paciência, o Fumaça explica:
- Ora, sua besta, é porque a vovó Clotilda enxerga tão mal que vai pensar que a vaca é um cachorrinho e não vai ficar fazendo um monte de perguntas idiotas, iguais as suas. Entendeu?
Catinguelê diz que “sim” com a cabeça, perguntando em seguida:
- E o resgate, Fumaça? Quanto é que a gente deve pedir pro “seu” Ataíde para devolver a vaquinha dele?
Fumaça pensa por um momento, fazendo uns cálculos, e diz:
- Hum! O que você acha de uns 200 contos?
Catinguelê abre um sorriso de menino travesso, dizendo:
- Puxa! Tudo isso, Fumaça? Com essa grana toda a gente pode até fugir pras bandas das “Oropas”!
Ouve-se um tropel. Fumaça fala para o companheiro:
- Psiu! Quieto, Catinguelê! Nosso pato está chegando!
Catinguelê coça a cabeça, murmurando:
- Pato?! Uai, Fumaça! Eu pensei que era uma vaca!
Fumaça ordena, com rispidez:
- Quieto, imbecil! Põe a máscara no rosto e pega o revólver.
O cumpadre Ataíde, coitado, vinha se aproximando com a sua vaquinha Mimosa sem pensar no que o esperava. De repente, os dois mascarados pularam à sua frente, com o Fumaça gritando:
- Mãos ao alto! A vaca ou a vida?
Assustado, o Ataíde responde:
- Leva a vaca! A vida eu vou precisar pra ir a um baile logo mais.
- Amarra ele! gritou o Fumaça, ao que Catinguelê perguntou:
- E vaca? Amarro ela também?
Aí, o Ataíde pediu:
- Por favor, larga mão da Mimosa! Ela pode acabar traumatizada.
- Ara! gritou Fumaça. Nós num vai traumatizar ela, não! Nós só quer fazer um “serquestro”! Vosmicê sabe o que é, né, “seu” Ataíde? A gente leva a vaca, o senhor paga o resgate e nós a devorvi ela!
O Catinguelê completa:
- É isso aí, e nem vamos cobrar taxa extra pela hospedagem dela lá no quarto da vovó Clotilda!
Ataíde pede calma com as mãos, dizendo:
- Home! Num carece disso! Diz quanto é que vocês estão querendo de resgate que eu pago agora mesmo!
Fumaça pensou um momento, se fazendo de importante, concluindo:
- Tá certo! É só passar pra cá 200 contos, imediatamente, e nós num leva a tal vaquinha Mimosa.
Ataíde responde, tentando ganhar tempo:
- Ara, é muito dinheiro! Eu não tenho isso aqui comigo!
Furioso, Fumaça responde:
- Então, nada feito! A Mimosa vai com a gente.
Choramingando, o cumpadre Ataíde pede aos seqüestradores:
- Olha, eu nunca me separei da Mimosa desde que ela chegou lá na fazenda! Ela é mais importante pra mim que a minha mulher...
Catinguelê diz, quase chorando também:
- Que romântico! Parece novela da Globo!
Fumaça interrompe, gritando:
- Chega de palhaçada! Afinal, o que que o senhor quer, “seu” Ataíde?
Diz o Ataíde, solene:
- Deixa eu dar um beijinho de despedida na Mimosa, deixa?
Fumaça anda de um lado para o outro, murmurando:
- Mas, que raio de droga de “serquestro”!
Ele se dirige, então, ao Ataíde, consentindo:
- Tá bom, mas que não demore!
E assim foi que por uns minutos o Ataíde abraçou e alisou a vaca sussurando palavras em suas orelhas, que os dois pilantras não entenderam.
Por fim, ele disse:
- Pronto, podem levá-la.
Porém, quando os seqüestradores tentaram levar a vaquinha Mimosa, ela bufou feito um touro mestiço e meteu os chifres na bunda dos dois “serquestradores”, que fugiram apavorados, enquanto Ataíde dava boas gargalhadas.
É que, sem que percebessem, Ataíde cochicou no ouvido da Mimosa que os dois vagabundos estava dizendo que o namorado dela, o touro “Bandido”, era uma “bicha inrustida”. E isso é coisa que a Mimosa não perdoa!
O cumpadre Ataíde que o diga!

Halexandre Lord

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