quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Trilogia da vaquinha mimosa


Episódio 1: “Mimosa, A Vaquinha Talentosa”

Era uma manhã de um domingo de verão. Em Jacupiranga do Norte, enquanto as crianças se banhavam no ribeirão, os adolescentes jogavam bola no campinho e os velhos caminhavam no parque, e a maioria dos moradores estava na feira, vendendo ou comprando, ou, até, as duas coisas. E foi na feira que dois velhos amigos se encontraram.
- Cumpadre Bráulio! Há quanto tempo, homem! Como é que tá tu?
Bráulio sorri, dizendo, com seu jeitão arrastado:
- Ara, cumpadre Ataíde, eu acho que “tatu comendo bosta”!
- Que isso, meu? Sartei de banda! – diz o Ataíde.
O Bráulio dá uma pitadinha no seu cigarrinho de palha, dizendo em seguida, em tom de muita curiosidade:
- Por falar em “sartei de banda”, eu ouvi dizer que mecê vendeu aquele seu pangaré de 3 pernas. É verdade, mermo, cumpadre Ataíde?
O cumpadre Ataíde responde, irritado:
- Mentira, homem! Eu troquei aquele traste pela Mimosa!
Bráulio arregalou os olhos, perguntando, atônito:
- Uai?! Mimosa?! Num venha o senhor me dizer que trocou o pangaré de 3 pernas por uma “mulher de vida fácil”...
Ataíde cospe de banda, dizendo:
- Ara! O cumpadre tem a cabeça suja! A Mimosa não é uma “quenga”, é uma vaca!
Pensativo, o Bráulio murmura:
- E qual a diferença?
Fulo da vida, Ataíde quase grita:
- Ora, seu “igranorante”! Mimosa é uma vaquinha! Aliás, a Mimosa é uma vaquinha muito talentosa!
O Bráulio sorri, dizendo:
- Uai! Vaquinha talentosa? Que diabo que ela faz? Canta música sertaneja em dupla com o boi Barnabé?
Ataíde responde, zangado:
- Deixa de zombaria! Ela é talentosa para produzir leite, mas é muito leite!
Aí, o cumpadre Bráulio arriscou um palpite:
- Uns quinze litros por dia?
Ataíde arregalou os olhos, levantou as mãos, dizendo:
- Ô raios, cumpadre Bráulio! Se a vaquinha Mimosa ouvi isso vai ficar ofendida! Ela produz é quarenta litros!
A surpresa foi tão grande com essa revelação do cumpadre Ataíde que, por um momento, o cumpadre Bráulio parecia o Pato Donald:
- Qua.. Qua... Quarenta?!
O Ataíde admitiu, confiante:
- Isso mesmo!!!
Bráulio pensou por um momento, dizendo, então:
- É, até que é muito leite por um dia pra qualquer vaca mermo...
O Ataíde quase explodiu:
- Uai! O cumpadre Bráulio tá querendo fazer pouco caso da minha Mimosa! Que quarenta litros de leite num diz o quê, sô!
O Bráulio sorriu, dizendo:
- Ah, vejo que o senhor não é tão exagerado como eu pensei. Naturalmente a sua vaquinha dá uns quarenta litros de leite numa semana!
Bufando de raiva, o Ataíde limpou o suor do rosto, esclarecendo:
- É quarenta litros pela manhã e mais quarenta litros a tardinha!
Com seu jeitão arrastado, o Bráulio disse:
- Ara, cumpadre! Mecê já tá extrapolando...
O Ataíde faz o convite:
- Oia, se num credita, vamos lá na fazenda pra ver!
Bráulio bate que sim com a cabeça, murmurando pra si mesmo:
- Oitenta litros de leite por dia, só vendo mesmo!
E foi aí que o cumpadre Ataíde, com a maior cara cínica, arrematou:
- E isso é só em três tetas, pois na outra ela produz licor de genipapo!
O cumpadre Bráulio, coitado, ficou quase um mês sem poder falar, pois depois dessa, ele não conseguia fechar a boca de tão abestado que ficou!
(continua...)

Halexandre Lord (adaptado)
Meu pai era muito piadista e também foi impressor, revisor, redator de diversos jornais no Rio de janeiro entre eles o Jornal do Brasil e o fluminense e com o avanço da tecnologia que substituía a tipografia em 1993 veio para Barretos/SP tentar a sorte. A estória da vaquinha mimosa é baseada em “causos” que meu pai contava sempre baseada em uma cidade fictícia situada em algum lugar do estado de São Paulo.
(José Paulino in memorian)

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