quarta-feira, 27 de julho de 2011

Saudades do ogrinho

Eu já comentei aqui que tenho vontade de ser pai novamente. Sinto saudades de ter aquela coisinha pequena, bonita e “frágil” precisando de meu carinho e cuidado. Tenho saudade de ver o aprendizado diário – meu e dele, ser surpreendido com gestos e palavras que não esperava. Tenho saudade de estar ali, presente, quando ele se sentir inseguro. De estar ali, presente, quando ele se sentir vitorioso. De comemorar junto. De chorar junto. De sorrir junto.

Sinto saudade da primeira corrida. Do primeiro papai. Do primeiro banho de mar. Do primeiro Natal. Do primeiro milk shake (sim, é um momento marcante). Tenho saudade…

O ogrinho já está com 13 anos. São 1,65m de pura massa. Independente – quando quer, genioso, cheio de vontades, de sonhos, de planos (mesmo que a curto prazo). Olhar pra ele sempre me deu mais saudade do ficou pra trás. Ele precisa de mim para pagar as contas e TENTAR dar um certo direcionamento. Em um determinado momento me sinto menos… pai. É verdade, paternidade é como vídeo game, cada fase que passa fica mais difícil… e ainda assim é meio viciante. Mas parece que quanto mais difícil menos nos “divertimos” e mais nos estressamos.

Juntou a saudade. A saudade de ser pai com a saudade do Ogrinho. Vazio. Aí ele chega – sim, ele está morando comigo. Eu estava meio ansioso. Será que seria como dividir um apartamento com um amigo? O quanto pai e quanto amigo eu deveria ser? Além disso tudo ainda tinha todo o receio quanto as mudanças. Uma nova casa, nova rotina, nova escola, novos amigos. “Ei, champs, cheguei!”. Ele chegou. Minha casa de silenciosa e vazia passou a ser preenchida com vida novamente. Som de anime nas alturas. Pisadas do gigante de João e o pé de feijão nas escadas. O gato fugindo desesperado durante a noite. Comida sumindo na geladeira durante a madrugada. Vida.

E, na primeira noite, minhas dúvidas foram esclarecidas da forma que um pai compreende bem. Durante a madrugada minha porta abriu. Junto com a luz um rostinho redondo surgiu, molhado de lágrimas. “Pai, estou tendo pesadelos”. Junto com angústia de ver meu filho chorando veio a certeza de que ainda há muito trabalho pela frente. Eu ainda sou pai. E um bom pai. Peguei ele pela mão e me deitei na cama dele. Logo ele se enroscou em mim – sim, o “pequeno” troglodita enroscado – e adormeceu. Foram duas horas ali, imóvel. Sentindo o peso do Ogrinho sobre o braço. Ouvindo seu ronco cadenciado. E feliz. Ainda existem muitas fases pela frente e pretendo jogar todas… mesmo que outro jogo venha por aí.

Seja bem vindo, ogrinho. Minha vida é muito mais vida com você por perto.

Um comentário:

  1. Nossa amigo, estamos num descaso com nosso blog kkk, precisamos reativá-lo.
    Que lindo seu depoimento... Ser pai e filho é algo imensurável...

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