Sinto saudade da primeira corrida. Do primeiro papai. Do primeiro banho de mar. Do primeiro Natal. Do primeiro milk shake (sim, é um momento marcante). Tenho saudade…
O ogrinho já está com 13 anos. São 1,65m de pura massa. Independente – quando quer, genioso, cheio de vontades, de sonhos, de planos (mesmo que a curto prazo). Olhar pra ele sempre me deu mais saudade do ficou pra trás. Ele precisa de mim para pagar as contas e TENTAR dar um certo direcionamento. Em um determinado momento me sinto menos… pai. É verdade, paternidade é como vídeo game, cada fase que passa fica mais difícil… e ainda assim é meio viciante. Mas parece que quanto mais difícil menos nos “divertimos” e mais nos estressamos.
Juntou a saudade. A saudade de ser pai com a saudade do Ogrinho. Vazio. Aí ele chega – sim, ele está morando comigo. Eu estava meio ansioso. Será que seria como dividir um apartamento com um amigo? O quanto pai e quanto amigo eu deveria ser? Além disso tudo ainda tinha todo o receio quanto as mudanças. Uma nova casa, nova rotina, nova escola, novos amigos. “Ei, champs, cheguei!”. Ele chegou. Minha casa de silenciosa e vazia passou a ser preenchida com vida novamente. Som de anime nas alturas. Pisadas do gigante de João e o pé de feijão nas escadas. O gato fugindo desesperado durante a noite. Comida sumindo na geladeira durante a madrugada. Vida.
E, na primeira noite, minhas dúvidas foram esclarecidas da forma que um pai compreende bem. Durante a madrugada minha porta abriu. Junto com a luz um rostinho redondo surgiu, molhado de lágrimas. “Pai, estou tendo pesadelos”. Junto com angústia de ver meu filho chorando veio a certeza de que ainda há muito trabalho pela frente. Eu ainda sou pai. E um bom pai. Peguei ele pela mão e me deitei na cama dele. Logo ele se enroscou em mim – sim, o “pequeno” troglodita enroscado – e adormeceu. Foram duas horas ali, imóvel. Sentindo o peso do Ogrinho sobre o braço. Ouvindo seu ronco cadenciado. E feliz. Ainda existem muitas fases pela frente e pretendo jogar todas… mesmo que outro jogo venha por aí.
Seja bem vindo, ogrinho. Minha vida é muito mais vida com você por perto.